Por Karla Gamba
Sites de deputados federais e de partidos políticos que apoiaram o PL 1904/2024 — que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação, mesmo em casos permitidos por lei, ao crime de homicídio — estão sob ataque de um coletivo de hackers na manhã desta sexta-feira (14).
O projeto ficou conhecido como PL do Estupro, por aplicar uma pena maior às mulheres estupradas que procuram abortar do que aos criminosos que cometeram o abuso.
A coluna apurou que, no início da manhã, foram derrubadas as páginas do MDB e do União Brasil. Entre os parlamentares que foram alvos de ataque estão Júlia Zanatta (PL-SC), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Os ataques foram orquestrados por um grupo de hackers que se identifica como Coletivo C.H.A.M. A. Antifa.
Bolsonaristas patrocinam PL do Estupro na Câmara
O projeto de lei é de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) –apadrinhado político do pastor Silas Malafaia e um dos principais líderes da bancada evangélica. Um requerimento para que o projeto tramite em regime de urgência — sem passar pelas comissões temáticas — foi aprovado na última quarta-feira (12).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), manobrou para que a urgência fosse aprovada de forma simbólica, sem contagem de votos, com oposição do PSOL, PC do B e PT.
O texto está sendo tratado como PL do Estupro, já que prevê pena de até 20 anos de prisão para o caso de mulher que faça aborto após 22 semanas de gravidez, mesmo em caso de estupro, enquanto a punição máxima para um estuprador é de 10 anos. A legislação também garante o direito ao aborto legal em casos de fetos anencéfalos ou quando a gestação coloca em risco a vida da mulher.
Sostenes Cavalcante afirmou que a proposta representa um “teste” para o presidente Lula: “O presidente mandou uma carta aos evangélicos na campanha dizendo ser contra o aborto. Queremos ver se ele vai vetar. Vamos testar Lula”, disse Sóstenes ao blog da jornalista Andréia Sadi, publicado no site G1.
Nesta quinta-feira (13), grandes manifestações contra o PL do Estupro foram realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
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