O Exército israelense deu ultimato à população palestina em Gaza. Foi emitido, ontem, um aviso impondo que moradores da cidade, bombardeada desde o último dia 7, deixem suas casas e rumem em direção ao Sul em até 24 horas.
De acordo porta-voz do Exército, a “evacuação é para a própria segurança” dos habitantes da Faixa de Gaza, que ainda recomendou que as pessoas só voltem quando o governo israelense permitir.
A ordem é um indicativo de que o exército israelense entrará por terra em Gaza.
Em resposta, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um comunicado informando o mesmo, e acrescentando que se tratam de 1,1 milhão de pessoas que precisariam se deslocar.
ONU PEDE QUE ORDEM SEJA CANCELADA
Stephane Dujarric, porta-voz da ONU solicitou que qualquer ordem de ataque de Israel seja cancelada, “evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa”.
“As Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras” porque não haveria tempo hábil para a movimentação de todo esse contingente de pessoas.
Funcionários da ONU também receberam o ultimato, assim como pessoas que estão em instalações humanitárias da organização.
HRW DENUNCIA USO DE FÓSFORO BRANCO
Também ontem, a Human Rights Watch (HRW) divulgou um comunicado denunciando que Israel fez uso de fósforo branco em operações militares em Gaza e no Líbano. A instituição lembrou que o armamento coloca civis em “risco de sérios e duradouros ferimentos”.
Para concluir que houve uso de fósforo branco, a Human Rights Watch verificou vídeos gravados no Líbano e em Gaza em 10 e 11 de outubro de 2023.
Diz o texto que as imagens mostram múltiplas explosões aéreas de fósforo branco disparado por artilharia sobre o porto da Cidade de Gaza e duas áreas rurais ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano.
Também foram entrevistadas duas pessoas que descreveram um ataque em Gaza.
ATINGE OS OSSOS
Detalha a HRW que “o fósforo branco se inflama quando exposto ao oxigênio atmosférico e continua queimando até que seja privado de oxigênio ou se esgote. Sua reação química pode criar calor intenso (cerca de 815°C/1.500°F), luz e fumaça”.
A nota também diz que “ao entrar em contato com o fósforo branco, ele pode queimar as pessoas termicamente e quimicamente, atingindo até o osso, pois é altamente solúvel em gordura e, portanto, na carne humana”.

HRW afirma que ataques de Israel a Gaza e no Líbano. Foto: Reprodução
“Fragmentos de fósforo branco podem agravar ferimentos mesmo após tratamento e podem entrar na corrente sanguínea, causando falência de múltiplos órgãos. Ferimentos já tratados podem se reinflamar quando os curativos são removidos e as feridas são expostas novamente ao oxigênio. Mesmo queimaduras relativamente pequenas frequentemente são fatais. Para os sobreviventes, as extensas cicatrizes enrijecem o tecido muscular e criam deficiências físicas.”
As autoridades israelenses não comentaram à HRW se usaram ou não fósforo branco durante os conflitos em curso.
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