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Brasil volta a ter o maior juro real do mundo; entenda as razões

Até então segundo colocado, o Brasil pulou para a primeira posição depois que a Argentina reduziu os juros
03/02/2025 | 09h16

Com a alta da taxa básica de juros, a Selic, na semana passada, o Brasil havia mantido o segundo lugar como o maior juro real do mundo (Selic menos a inflação). Porém, na quinta-feira passada (30), o banco central da Argentina reduziu sua taxa de juros de 32% para 29%, o que fez com que o Brasil passasse à primeira colocação. Os cálculos são do economista Jason Vieira, diretor-geral da consultoria econômica MoneYou.

A taxa de juro real é calculada a partir da taxa de juros nominal de um país, no caso brasileiro, a Selic, descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses.

Na quarta-feira passada (29), o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou em 1 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, aumentando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.

Antes da mudança na taxa de juros da Argentina, o país vizinho ao Brasil ocupava a primeira posição no ranking, com um juro real de 9,36%, seguindo por Brasil (9,18%) e Rússia (8,91%).

Agora, o ranking de maiores juros do mundo ficou da seguinte forma:

  • Brasil: 9,18%
  • Rússia: 8,91%
  • Argentina: 6,14%
  • México: 5,52%
  • Indonésia: 5,13%
  • Colômbia: 5,01%
  • República Tcheca: 3,30%
  • África do Sul: 2,95%
  • Filipinas: 2,57%
  • Hong Kong: 1,99%

A inflação na Argentina fechou o ano de 2024 em 117,8%, patamar ainda elevado, mas que representa um recuo de quase 94 pontos em relação aos 211,4% de 2023. Ao custo do aumento da pobreza da população argentina, que foi às ruas neste fim de semana em uma grande manifestação contra o fascismo, o combate à inflação é uma das principais bandeiras do ultraliberal de extrema direita Javier Milei.

Embora 1º colocado no ranking de juro real, Brasil é o 4º na lista de juro nominal

O patamar elevado da taxa básica de juros, de 13,25% ao ano, deixa o Brasil no quarto lugar de maior juro nominal do mundo.

Conforme o compilado da MoneYou, os primeiros colocados são os seguintes:

  • Turquia: 45%
  • Argentina: 29%
  • Rússia: 21%
  • Brasil: 13,25%
  • México: 10,00%
  • Colômbia: 9,50%
  • África do Sul: 7,75%
  • Hungria: 6,50%
  • Índia: 6,50%
  • Filipinas: 5,75%

A taxa de juro nominal (quando a inflação não é descontada) serve como referência para todas as demais taxas de juros da economia, trazendo impactos para investimentos e crédito, que se tornam mais caros.

A Selic é o principal instrumento de política monetária usado pelo Banco Central para controlar a inflação.

Quando a taxa sobe, os juros cobrados em financiamentos, empréstimos e no cartão de crédito, por exemplo, ficam mais altos, o que desestimula o consumo. Funciona, portanto, como uma espécie de freio na economia.

Além disso, o aumento da Selic encarece a dívida pública, pois o governo paga mais para se autofinanciar.

O Copom prometeu elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano na reunião de março, caso o cenário econômico de pressões inflacionárias persista.

“O juro nominal [Selic] está elevado porque temos todos os indicadores recentes, como dados de emprego e atividade econômica ainda mostrando força, e inflação ainda elevada”, observou Jason Vieira, da MoneYou, ao site g1.

“O juro real é um indicador de ganho líquido de investimentos e o quanto isso pode atrair de capital”, disse o economista. “Então, se a situação no Brasil começar a aliviar um pouco, o investidor de renda fixa começa a aplicar dinheiro aqui, em detrimento de outros países.”

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